quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

IMAGEM E POESIA

 
OBRA: “O Grito” de Edvard Munch, 1893. Óleo sobre tela, 91 cm x 73,5.

POEMA
(empregando a metáfora, a antítese e o humor)

Socorro! Socorro!
Preciso gritar,
Para a humanidade acordar e
Ver que o mundo está acabando
Poluição, violência, corrupção...
Estamos em decadência
A natureza está se revoltando!
Os fatos estão aí
Para quem quiser ver
E precisamos acordar e algo fazer,
Pois somos nós, eu e você
Os responsáveis pela destruição
O futuro está em nossas mãos!
O senso comum carrega muitos
Nas costas da mídia e do consumismo
Que vicia a mente a não pensar, só repetir
O comportamento padrão
Empurrado guela abaixo, no burro cidadão!
Isso vale para a arte
Pro BBB e pro Faustão
Além de todo cabeção
Que se acha do pacote o último salsichão
Preste bem atenção!
O importante é a posição
No uso da expressão!
E agora o que fazer?
É preciso gritar ao globo a indignação
Da nação desmedida que precisa tomar medidas
Contra a política do bom ladrão
Que rompe, corrompe, fazendo mensalão
E com um gelo na alma e na razão
Diz não saber de nada
Mas quem nada é peixe, tão liso quanto o ladrão!
É preciso botar a boca
Em quem tem o olho maior que a boca
E o pobre, coitado!
Está na lama de novo
Mas a culpa é do povo
Que não sabe lutar.
Estou sufocando
Preciso gritar!
Pare! vamos agir
Não tente fugir,
Venha ajudar
A expressão é jóia rara
E mais jóia quando tem fundamento
Dizendo ao jumento
O que ele precisa fazer
Além de relinchar!
Se todos nós gritarmos
Nosso grito fica mais forte
Alguém há de nos escutar
Não reclames da sorte
E pare de culpar
O pobre do Deus
Que para os filhos teus
Deu um mundo tão lindo
Mas da maneira que estamos agindo
Tudo vai acabar.
Socorro!
Estou sufocando
Preciso gritar
Adeus ao silêncio
Na nova era democrática
Já-era o tempo adormecido
Da palavra envergonhada
E quem não grita pra ser ouvido
Óh coitado, já era!
Alguém está me ouvindo?
Alguém está me ouvindo!

A obra de arte "O Grito" faz parte do Movimento Artístico Expressionista que se “caracteriza pela expressão de intensas emoções. As obras não têm preocupação com o padrão de beleza e tem como principais características: cores resplandescentes, vibrantes, dinamismo, pintura grossa (bastante tinta sobre a tela), preferência por retratar angústia, dor e muitas vezes necessidade de denunciar problemas sociais” (RAFFA, 2006, p. 13).
Edvard Munch (1863-1944), nascido na Noruega, pintou durante um bom tempo de maneira convencional, mas, ao se interessar pelas obras de Van Gogh, passou a expressar em sua arte seus maiores sentimentos e desejos. Conhecido como fundador do Expressionismo tem como sua marca traços fortes, cores exageradas, linhas retorcidas, próprias de uma vida marcada por doenças, mortes e crises nervosas.

“É sabido que Edvard Munch passava por um momento de extrema depressão, talvez o que podemos chamar de síndrome de pânico, pois é evidente o sufoco em que o personagem se encontra, e pessoas que passaram por essa mesma experiência afirmam que a cena da tela é realmente o retrato dessa doença. Um artista pode perfeitamente, através das linhas, transmitir alegrias, tristezas, sofrimentos. Segundo Gombrich, O Grito, pretende expressar como um súbita exitação transforma todas as nossas impressões sensoriais. Todas as linhas parecem conduzir a um foco da gravura – a cabeça grita” (BUENO, 2008, p.38).

“Segundo as palavras do próprio Munch, quando pintou a obra foi como se tivesse visto a cena acontecer, como se estivesse tendo uma alucinação: De repente o céu ficou vermelho-sangue. Eu parei e me inclinei sobre o parapeito, morto de cansaço, e olhei para a snuvens flamejantes que pendiam como sangue sobre o fiorde preto-azulado e a cidade. Meus amigos seguiram. Eu fiquei ali, tremendo de medo. Eu senti um grito alto e interminável perpassando a natureza” (CORTELAZZO, 2008, p. 95)

RAFFA, Ivete. Fazendo Arte com os Mestres. São Paulo: Editora Escolar, 2006.

BUENO, Luciana Estevam Barone. Linguagem das artes visuais. Curitiba: Ibpex, 2008.

CORTELAZZO, Patricia Rita. A história da arte por meio da leitura de imagens. Curitiba: Ibpex, 2008.

Um comentário:

  1. Meninas! Excelente! O poema está lind, repleto de indagações, denúncias. Vocês se superaram. Encantei-me. Parabéns!!!! Clarinha

    ResponderExcluir